Quais fatores devem garantir o fim da pandemia?
A evolução da engenharia genética e a experiência com outras epidemias dão pistas de como a atual pandemia pode ser encerrada


A pandemia do novo coronavírus já se prorroga por quase todo o primeiro semestre de 2020, em mais de 140 países ao redor do mundo. Mas quando podemos esperar o fim da pandemia? As pandemias passadas oferecem dicas do futuro e de como será a busca por uma nova normalidade, segundo Lydia Denworth, que escreve no artigo “O que vem a seguir”, publicado pela revista Scientific American, na edição de junho.
Por ser uma doença totalmente nova e ainda em processo de estudo, a epidemiologista e bióloga evolucionista Sarah Cobey, da Universidade de Chicago, e outros especialistas entrevistados para o artigo, explicam que os próximos acontecimentos irão depender tanto da evolução do patógeno quanto da resposta humana a ele, seja biológica ou social.
Como o ser humano possui a capacidade de desenvolver anticorpos em seu sistema imunológico para combater o invasor, é esperado que, com o tempo, a população passe a ter imunidade à Covid-19.
O maior problema dessa expectativa é que ela atua em longo prazo e se limita à transmissão viral de pessoa para pessoa. O que pode levar anos e, dada a atual situação mundial, até que essa possibilidade ocorra, o caos se manteria.
De acordo com o artigo, o encerramento da pandemia provavelmente ocorrerá com medidas de controle social para ganhar tempo, novos medicamentos antivirais para aliviar os sintomas e, por fim, uma vacina. Segundo Cobey, a questão de como a pandemia ocorre é pelo menos 50% social e política. A outra metade é referente à ciência e aos seus avanços.
Engenharia genética
No artigo “The Vaccine Quest”, também publicado na mesma edição da Scientific American, de autoria de Charles Schmidt, um dos grandes aliados dos cientistas neste momento de busca intensa por uma vacina é a engenharia genética. Assim, em vez de produzir uma vacina convencional que pode levar entre 12 e 18 meses para ficar pronta e começar a ser testada, os cientistas estão se voltando para vacinas baseadas em genes.
Para isso, usam informações do genoma do vírus para criar um plano de antígenos selecionados e acelerar a pesquisa e produção de uma vacina. O projeto é baseado em técnicas de DNA ou RNA, moléculas que contêm instruções genéticas e que, segundo os pesquisadores, ao serem injetadas nas células humanas, poderão ser capazes de produzir antígenos de vírus aos quais o sistema imunológico reage, impedindo-os de se reproduzirem.
O protótipo da vacina desenvolvida pela empresa farmacêutica Moderna, que está apresentando bons resultados em seus testes, é baseada neste processo técnico de genes.
Apesar de ainda nenhum dos protótipos de vacina indicar eficácia em seres humanos, a especialista em virologia e coronavírus da Universidade Estadual do Arizona, Brenda G. Hogue, entrevistada para o artigo, diz que está positiva quanto a velocidade do trabalho das empresas e pesquisadores através da engenharia genética.
Projeto Agir Brasil
Acesse mais notícias sobre o novo coronavírus navegando por aqui. Além de textos, você tem acesso a conteúdos de vídeos e podcasts. Vamos atravessar esta pandemia juntos.