Cesáreas aumentam risco de complicações em grávidas com Covid-19, aponta estudo
13,5% das grávidas que eram assintomáticas ou tinham sintomas leves, tiveram de ser levadas à UTI após a cirurgia
De acordo com estudo publicado nesta semana pela revista médica JAMA, cesáreas estão associadas ao agravamento da saúde de grávidas com coronavírus. Dos 78 casos analisados pelos profissionais do grupo de Emergência Obstétrica na Espanha, 13,5% das mulheres que eram assintomáticas ou com sintomas leves, tiveram de ser levadas à UTI após a cesariana.
Das que optaram pela cirurgia ou tiveram que realizá-la por indicação médica, 21,6% sofreram algum tipo de deterioração em sua situação clínica. Enquanto apenas 4,9% das infectadas pelo vírus apresentaram alguma complicação em partos normais.
Em entrevista ao El País, Óscar Martínez Pérez, chefe-adjunto do serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Puerta de Hierro, na localidade de Majadahonda (região de Madri) e autor principal do estudo diz que “A cesariana, como toda cirurgia, produz inflamação, que se soma à já produzida pela infecção. Esse estresse fisiológico faz aumentarem as complicações depois da internação nas mulheres com Covid-19: elas têm maior risco de precisar de assistência respiratória, de sofrer deterioração clínica e de darem entrada na UTI”.
Após analisar os dados das 78 grávidas com Covid-19, 41 tiveram partos normais e 37 por cesarianas. Quanto às que passaram pela cirurgia, 29 foram por indicação obstétrica e oito por sintomas de Covid. Além de que cinco (13,5%) tiveram que dar entrada na UTI e 8 sofreram uma deterioração clínica (21,6%). A conclusão do obstetra é que “é preciso tentar, como sempre, evitar a cesariana. Só o fato de fazê-la já piora o prognóstico destas pacientes”, diz Martínez Pérez.
Quanto às pacientes que se encontram em estado grave da covid-19, a indicação de fazer ou não a cesárea irá depender da situação clínica da grávida e se ela consegue aguentar realizar o parto. As quatro mulheres neste estado incluídas no estudo precisaram de cesáreas e internação na UTI.
Projeto Agir Brasil
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