Hidroxicloroquina faz bem contra Covid-19?
Remédio não é eficiente em pacientes leves a moderados, segundo recente estudo chinês
A hidroxicloroquina, também conhecida pela marca Reuquinol, não é mais eficiente do que o tratamento padrão (sem o medicamento) da Covid-19 em pacientes leves a moderados. Esse é o resultado de pesquisa de cientistas chineses publicada na quinta-feira, 14, na revista The BMJ.
Com dados coletados em 16 centros de tratamento, entre 11 e 29 de fevereiro último, na China, estudo é o primeiro randomizado sobre o medicamento. Randomizado significa que os participantes foram escolhidos de forma aleatória.
Foram testados 150 pacientes internados com Covid-19 (comprovada em teste laboratorial). Dois desenvolveram a versão grave da doença, enquanto 148 estavam com quadro leve a moderado.
A dose foi de 1.200 mg diárias por três dias, além de uma dose de manutenção de 800 mg até completar duas semanas para os pacientes leves a moderados e três semanas para os graves.
Chance de cura com hidroxicloroquina
Ambos os grupos de pacientes do estudo chinês, de acordo com informações do G1, tiveram respostas ao tratamento parecidas. Os cientistas calcularam que a probabilidade do grupo com a hidroxicloroquina se curar foi de 85,4%. Já quem não recebeu remédio teve chance de 81,3%. A margem de erro foi de 10,3% a 18,5%.
Polêmica em torno da hidroxicloroquina
Utilizado para artrite e lúpus, a hidroxicloroquina não é indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento de Covid-19. Pesquisadores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, fizeram teste com com 1.376 pacientes e não identificaram eficácia no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus.
Outra pesquisa, publicada no periódico científico Journal of American Medical Association, apontou que hidroxicloroquina não reduz mortes por Covid-19. Nesse estudo, foram avaliados 1.438 pacientes dos EUA.
Por que a hidroxicloroquina?
O presidente Donald Trump apontou a cloroquina e a hidroxicloroquina como possíveis curas para a Covid-19, às vezes em combinação com a azitromicina. Os dois têm em comum a substância cloroquina, mas são diferentes.
A própria Food and Drug Administration (FDA) alertou o presidente norte-americano, no fim de maio, de que os medicamentos podem causar anormalidades no ritmo cardíaco de pacientes com Covid-19.
Cloroquina no Brasil
Na última terça-feira, 12, antes de pedir demissão, o então ministro da saúde Nelson Teich escreveu em rede social que a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica.
Divergência sobre uso da cloroquina, inclusive, foi a gota d’água para a demissão de Teich, anunciada nesta sexta-feira, 15. Ele foi pressionada para ampliar o uso da cloroquina, apesar da falta de evidência científica, conforme a Folha de S. Paulo.
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